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05/11/2015

Síntese Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino?




Síntese do texto Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino? De Luckesi com o qual foi realizada uma apresentação para a turma. Onde é abordada a relação do social com a educação e como essas duas se relacionam.

Democratização do ensino e avaliação do aluno


“A sociedade moderna, com a civilização urbana construída ao longo de séculos de formação, passou a exigir a escolarização de todos os cidadãos. ” p.96
“Não há como compreender e desempenhar razoavelmente uma atividade produtiva sem um mínimo de compreensão dos complexos processos de produção dentro dos quais vivemos. ”
“Não será certamente a escolarização sozinha que possibilitará aos cidadãos esses níveis de clareza e entendimento. ”
Acesso universal ao ensino é um elemento essencial da democratização e a porta de entrada para a realização desse desejo de todos nós, que chamamos por uma sociedade emancipada dos mecanismos de opressão. ” p.97
“A Revolução francesa, enquanto revolucionária, propôs e apregoou o acesso universal ao ensino, [...]”
“O segundo elemento que define a democratização do ensino é a permanência do educando e a consequente terminalidade escolar.
“A legislação educacional brasileira abre caminho para um processo antidemocrático no ensino. Os termos constitucionais, redefinidos na Lei n. 5.692/71 que rege e educação no país, prevê oito anos de escolaridade como o mínimo necessário para a formação do cidadão. ”
“Há um processo intenso de repetência e evasão da escolaridade. Desde a década de 1930 se reconhece o fenômeno das altas taxas de evasão escolar e nada se tem feito para sanear essa situação. ” p.98
“A sociedade burguesa procura por diversos mecanismos limitar o acesso e a permanência das crianças e jovens no processo de escolaridade. ”
“O terceiro fator que entendemos interferir no processo de democratização do ensino está afeto à questão da qualidade do ensino, [...]” p.99
“Será democrática a escola que possibilitar a todos os educandos que nela tiverem acesso uma apropriação ativa dos conteúdos escolares.
“[...], a prática escolar, consequentemente, a prática docente deverão criar condições necessárias e suficientes para que essa aprendizagem se faça da melhor forma possível. ” p.100
“O acesso e a permanência na escola, assim como qualquer nível de terminalidade (em termos de anos de escolaridade), nada significarão caso não estejam recheados pela qualidade do ensino e da aprendizagem, [...]”
“O acesso à escola não se relaciona com a questão da avalição do aluno [...]”
“O segundo elemento, que tomamos como parâmetro de ajuizamento do que vem a ser democratização do ensino (permanência e terminalidade), já manifesta comprometimentos da avaliação com uma prática escolar antidemocrática. ”
“Quanto ao terceiro fator, qualidade do ensino oferecido, a avaliação da aprendizagem escolar, uma vez mal realizada, exerce um importante papel antidemocrático no processo de escolarização. ” p.101

A atual prática da avaliação e democratização do ensino

“Após um período de aula e exercícios escolares [...] os professores procedem a atos e atividades que compõem o que normalmente é denominado avaliação da aprendizagem escolar. ” p.102.
“Próximo do final da unidade de ensino, o professor formula o seu instrumento de avaliação, a partir de diversas variáveis: conteúdo ensinado efetivamente; conteúdos “extras” que o professor inclui no momento da elaboração do teste, para torna-lo mais difícil; o humor do professor em relação à turma de alunos que ele tem pela frente; a disciplina ou indisciplina social desses alunos; uma certa “patologia magisterial permanente”, que define que o professor não pode aprovar todos os alunos, uma vez que não é possível que todos os alunos tenham aprendido suficientemente todos os conteúdos e habilidades propostas etc. [...] muitos desses elementos não deveriam se fazer presentes nos testes.”
“Após recolhimento das respostas, os professores corrigem as mesmas e atribuem-lhe um valor (em notas ou em conceitos), que deve corresponder ao nível qualitativo da aprendizagem manifestada pelo educando. ” p.103.
“[...] acabamos de descrever é recheado por mais alguns ingredientes [...] além das provas dos finais de unidade de ensino, acrescem, anteriormente a elas, outras atividades que servem para a avaliação, tais como testes intermediários, pequenos trabalhos, pequenos questionamentos que são realizados durante o decorrer da unidade de ensino. ”
“Ainda, por vezes, se acrescenta “pontos a mais” ou “pontos a menos” ao aluno, a depender de sua conduta em sala de aula [...] pontos estes que, somados aos pontos dos testes e provas para obtenção de uma média aritmética ou uma média ponderada, decidirá o nível de aprendizagem no qual o aluno será classificado. ”
“Entendemos avaliação como um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. ” p.104.
“[...] o juízo de qualidade é produzido por um processo comparativo entre o objeto que está sendo ajuizado e um determinado padrão ideal de julgamento. ”
“Nesse tipo de avaliação, há um dado de realidade, que são as condutas dos alunos, e há uma atribuição de qualidade a essa realidade a partir de um determinado padrão ideal dessa conduta. ” p.105.
“[...] as condutas aprendidas e manifestadas pelos alunos. A sua aprendizagem será mais ou menos satisfatória na medida em que se aproximar mais ou menos do padrão ideal, da expectativa que temos dessas condutas. ”
“[...] tomada de decisão [...] implica uma tomada de posição, um estar a favor ou contra aquilo que foi julgado [...] o juízo de qualidade implica uma atitude de não indiferença, na medida em que conduz obrigatoriamente a uma tomada de posição. ” p.106.
“Chegamos ao ponto em que podemos verificar como a avaliação da aprendizagem não tem contribuído para garantir a permanência das crianças e jovens na escola, assim como não tem contribuído para a elevação do seu patamar cultural, por meio de um ensino de boa qualidade. ”
“O que ocorre na prática da avaliação educacional escolar é que dificilmente os professores definem com clareza [...] o padrão de qualidade que se espera da conduta do aluno [...]” p.107.
“[...] a conduta dos professores em nossas escolas tem sido antidemocrática, na medida em que, no geral, sem esse padrão de qualidade, julgam os alunos ao bel-prazer do seu estado de humor [...]”
“Os dados relevantes a serem levados em consideração na avaliação deverão ser compatíveis com o objetivo a ser avaliado e com os objetivos que se tem [...] no cotidiano escolar, muitas vezes, os professores tomam dados irrelevantes como se eles fossem relevantes [...] para tornarem os seus instrumentos de avaliação mais difíceis, para “pegar os alunos pelo pé. ” p.108.
“A definição de dados relevantes e sua utilização na avaliação evitará o arbítrio momentâneo e emergente do professor no instante de construção e utilização dos instrumentos e, consequentemente, evitará o arbítrio na qualificação do aluno, tendo em vista sua aprovação ou reprovação. ” p. 109
“Aquilo que indicamos no ritual de avaliação – “dar um ponto a mais” ou “dar um ponto a menos” – é um arbítrio baseado em dados irrelevantes da aprendizagem. Normalmente, esse “ponto a mais ou a menos” nada mais significa do que um modo de premiar ou castigar alguém, e não tem nada a ver com uma efetiva avaliação da aprendizagem do aluno. ”
“Então, observemos que, pelo uso de elementos irrelevantes na prática da avaliação, somos antidemocráticos com os alunos, na medida em que os reprovamos ou aprovamos por aquilo que não é essencial à aprendizagem escolar [...]” p. 110
 “No cotidiano escolar, a única decisão que se tem tomado sobre o aluno tem sido a de classificá-lo num determinado nível de aprendizagem, a partir de menções, sejam elas em notações numéricas ou em notações verbais. ” p. 111
“A prática classificatória da avaliação é antidemocrática, uma vez que não encaminha uma tomada de decisão para o avanço, para o crescimento. Essa prática classificatória da avaliação confirma a nossa hipótese inicial de que a atual prática de avaliação do aluno é uma prática antidemocrática no que se refere ao ensino. E essa questão da prática classificatória da avaliação torna-se mais grave quando entendemos que um aluno pode ser aprovado ou reprovado por um contrabando entre qualidade e quantidade. ” p. 112
“O “contrabando” entre qualidade e quantidade, do qual falamos, é uma forma pela qual alunos podem ser aprovados sem deter os conhecimentos necessários numa unidade de ensino. ” p. 114
“Essa transformação indevida de qualidade em quantidade impossibilita ao professor diagnosticar a real situação do aluno e, consequentemente, ao aluno de tomar consciência de sua situação em termos de aprendizagem. Fatos esses que dificultam o avanço do aluno, uma vez que não estão sendo utilizados instrumentos para que ele possa progredir na apropriação ativa dos conhecimentos[...]” p. 114-115

Proposição de um encaminhamento: a avaliação diagnóstica

“Em primeiro lugar, há que partir para a perspectiva de uma avaliação diagnóstica. Com isso, queremos dizer que a primeira coisa a ser feita, para que a avaliação sirva à democratização do ensino, é modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. ” p. 115
“Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, consideramos que ela deve estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico [...]” p. 116
“Desse princípio decorre a articulação de todos os outros elementos da avaliação, tais como: proposição da avaliação e suas funções, elaboração e utilização de instrumentos, leitura dos resultados obtidos, utilização destes dados e assim por diante. ” 
“No que se refere à proposição da avaliação e suas funções, há que se pensar na avaliação como um instrumento de diagnóstico para o avanço e, para tanto, ela terá as funções de autocompreensão do sistema de ensino, de autocompreensão do professor e de autocompreensão do aluno. ” p. 116-117

Referência
                                                 
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino? 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011. p.95-117.




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